segunda-feira, 30 de abril de 2012

suicídio

Só vivo porque posso morrer quando quiser: sem a idéia do suicídio já teria me matado a muito tempo.
A certeza de que é bem mais...
E o modismo não pode superar
O som que entra pelos ouvidos
E faz queimar a alma, não é
Uma religião, é rock, é aquilo
Que quando se fala faz lembrar
Revolução, por que não se pode
Gritar pelo direito sem que haja
Veemência, a guitarra é o graal
Mas a distorção não se faz um mistério
Quando mais que claro entoa os
Motivos das almas que simplesmente
Entendem os valores. Os surdos
Nunca poderão entender, nunca
Poderão ouvir a canção, mas o rock
Por si só já é poesia é um estilo de vida
É uma filosofia.

(Subjett)

asa de corvo




Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa...


Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!


É com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza...

 
É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte — a costureira funerária —
Cose para o homem a última camisa!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A DOR


Chama-se a Dor, e quando passa, enluta
E todo mundo que por ela passa
Há de beber a taça da cicuta
E há de beber até o fim da taça!

Há de beber, enxuto o olhar, enxuta
A face, e o travo há de sentir, e a ameaça
Amarga dessa desgraçada fruta
Que é a fruta amargosa da Desgraça!

E quando o mundo todo paralisa
E quando a multidão toda agoniza,
Ela, inda altiva, ela, inda o olhar sereno

De agonizante multidão rodeada,
Derrama em cada boca envenenada
Mais uma gota do fatal veneno!


Augusto dos anjos